“Ahh!… ok!… conseguimos fazer isso, mas vai ter um custo”
Os impostos em Portugal estão para os portugueses como um elevador está para um claustrofóbico. Provoca na grande maioria da população a sensação de sufoco, de torpor, e não há método de relaxamento respiratório que atenue o efeito.
Em caso de acidente – paragem – o tempo é inimigo do claustrofóbico; e este elevador já se encontra parado desde o tempo da troika, sem técnico (leia-se Ministro das Finanças) à vista que resolva a conjuntura.
Caminhando nos afazeres do dia-a-dia, as comoções das fobias estatais agravam-se. Tudo em que o cidadão toca tem o seu custo, inesperado, e a carteira parece não aguentar o ritmo. Basta o leitor deslocar-se a um qualquer ponto de serviço público para entender, se já não o entendeu esboçando o típico sorriso de consentimento: “já passei por isso!”
Retratando uma situação pessoal: – “Boa tarde, vinha para tratar de um assunto relativo a x”; – “Olhe que tem limite de 60 dias, há quanto se passou tal assunto?”; – “anteontem!”; – “oh amigo, tem 60 dias para tratar disso, volte cá depois…”; – “agradeço, mas já me encontrando por aqui, se calhar resolvemos agora”; – “Ahh!… ok!… conseguimos fazer isso, mas vai ter um custo”.
Numa outra conversa com um amigo contabilista, a par de um problema no IRS, vulgarizado este ano, sofro a recomendação: “mais vale pagar à AT antes do prazo, do que ficar como devedor nos livros… depois de resolvido eles devolvem o dinheiro, normalmente num prazo 90 dias”
Nesta amalgama de episódios, é possível denotar outra faceta do Estado, a capacidade de criação de um ciclo de tesouraria produtivo. Qualquer aluno de gestão ou finanças, aprende que, ceteris parbius, aumentando o tempo médio pagamento e diminuindo o tempo médio de recebimento, melhora-se a produtividade financeira. E o estado paga tarde, e cobra cedo! Aos seus cidadãos.
Caso para dizer; situação financeira atual: o importante é ter saúde.