Tal como tenho certo que o que escrevo é forma do meu pensamento, com o avançar da idade (essa frase reiterada durante a adolescência de todos nós) concluo que esse pensamento é forma do que leio e ouço, do que me envolve.
Há uma barreira adjudicada aos conhecimentos dos outros e às suas palavras que negamos, mas mais tarde as tomamos como nossas. Após ser transposta, essa barreira transforma-se num recurso valioso na nossa reflexão. Outrora obtusa e depois mais completa. Tenho em crer que esse é um poder, que nos fortifica: compreender os outros através da observação, compreendendo-nos a nós.
O Papa Francisco, tem esse “divino poder”. Fora das amarras da purga erudita cristã, aceitou que o teocentrismo moderno tem de se alicerçar nos outros. Todos os outros.
Miguel Sousa Tavares retrata, certeiramente, numa sua crónica o Santo Padre como “a única verdadeira voz de liderança mundial”, o único capaz de unir a despeito de todas as nossas diferenças. Observar e perceber: um oceano de diferença.
Num mundo de #’s e @’s, o Sumo Pontífice identificou-nos a todos nas suas palavras e dócil aparência. Claro está, houve uns tais que abjuraram a este “novo Cristianismo”, tomando os normais caminhos do medo. O seu incómodo apoia a minha convicção que as palavras foram certeiras. A mudança dá trabalho, requer paciência e dedicação. Critérios que, também, esta geração não transporta consigo. Não o digo, como mais uma frase cliché, mas como verdade do que observo e vou percebendo, e do que retiro dos muitos discursos proferidos durante esta JMJ pelo Santo Padre.
A peça “…”, apoia-se no facto de nem tudo nesta Jornada ter sido glorioso; não é o propósito deste e outros textos que por aí se encontram. Na Igreja vivem também os abusos, excessos, as Organizações: fatos a carecer de confrontação e diálogo. Mas, o papel de liderança foi cumprido; dar alguma luz, em momentos sombrios.